Vai Tudo Abaixo! - KALASHNIKOV e LUTA no JORNAL DE NOTÍCIAS!!!!

"Basicamente, há duas maneiras de tu te expressares
contra algo uma é dizeres que não, que não gostas e
que és contra; outra é fazeres uma caricatura de uma
forma irónica, sarcástica e mais incisiva". A
afirmação solta-se da boca de Jel, simultaneamente
vocalista da banda Kalashnikov e humorista que, no
passado ano, fez furor com "Os homens da luta". Jel é
uma figura irrequieta, intervencionista. E está
disposto a abanar o sistema, ainda que através de uma
abordagem diferente de um rapper Valete - que canta a
exigência do despedimento de Paulo Bento - ou o
cantautor Peter Shark, que esmaga a dignidade de
figuras públicas com rimas corrosivas em fado corrido.

Os Kalashnikov são uma banda que nasceu num sketch do
programa "Vai tudo abaixo". A formação tem sido alvo
de atenções e o fenómeno parece não ficar por aqui.
"Somos uma banda de War-Metal", sintetiza, ao JN,
explicando que a formação é "a única banda do Mundo
que assume uma postura rock pró-guerra". Mas não haja
equívocos. "O nosso número é ultra-irónico,
ultra-violento, género Stanley Kubrick com imagens
explícitas, que nem sequer passam na televisão e que
nos deram muito trabalho para encontrar, como vídeos
de 'snippers' iraquianos ou atentados filmados pelos
gajos do Hamas", diz.

A banda lançou, recentemente, o primeiro disco e
prepara-se para actuar, no próximo mês, num festival
em Austin, Estados Unidos. "Estamos a surfar a onda da
guerra", afirma Jel, a voz ressacada após "um concerto
explosivo em Faro" no passado fim-de-semana. Jel frisa
que, "no meio de toda aquela violência do 'mosh' nos
concertos, nunca houve problemas de violência ou
porrada porque o pessoal percebe que aquilo é uma
grande ironia, que funciona um bocado como catarse do
excesso de imagens de guerra e da banalização que
actualmente os media fazem da guerra".

A luta continua!

Na agenda, está também uma actuação para o Festival
Alive, no mesmo dia dos Rage Against The Machine.

Paralelamente à banda, Jel tem trabalhado uma postura
intervencionista de acção directa nos sketchs "A luta
continua", transmitidos na Sic Radical e alvo de
grande popularidade na internet. Jel assume a
personagem Neto, de megafone na mão, sempre
acompanhado pelo camarada Falâncio na guitarra. São os
"Homens da luta".

Ora, eles andam aí pela rua a perseguir figuras da
política, como Cavaco Silva, António Costa ou Paulo
Portas. A sua aparição surge sempre de surpresa e não
raras vezes os visados não conseguem disfarçar o
embaraço perante o alarido daquilo que é vociferado ao
megafone. "Os homens da luta são ultra-demagogos,
ultra populistas de esquerda", explica Jel, aliás, o
camarada Neto. As suas intervenções já lhes valeram
uma série de detenções e posteriores idas à esquadra
para identificação. E já lhes causaram, também,
pequenas escaramuças físicas, tal como já viram as
suas câmaras a serem danificadas.

"O Cavaco Silva reagiu muito bem", elogia Jel. Mas
conta "Os gajos que reagiram pior foram o Paulo Portas
e o Telmo Correia. Entrámos atrás deles num mercado e
a visita durou três minutos porque eles fugiram com
todo o mercado a rir-se deles, e os gajos espumavam",
descreve Jel.

Todavia, o público tem reagido muito bem. "A comédia
está em alta porque é na comédia que se dizem as
verdades e as pessoas parecem ter mais respeito pelos
comediantes do que pelos politicos. Ora, isso é um
sinal muito mau. É um sinal claro de decadência",
aponta Jel. Mesmo assim, salvaguarda que "os Homens da
Luta não são apenas comédia; são um número de
intervenção", em que a própria esquerda não é poupada.
Jel não tem papas na língua "No fundo, são uns grandes
burgueses porque também gostam de mariscada e de
mercedes. É por isso que o pessoal comunista não gosta
- porque a gente expõe as carecas desse pessoal de
esquerda, que são grandes moralistas, mas que quando
começas a escavar um bocado vês que as costelas
burguesas são muito fortes".

in:
http://jn.sapo.pt/2008/02/04/cultura...vencionis.html