Um antigo dirigente condenado no processo das FP-25 provocou ontem um incidente no final do discurso do primeiro- -ministro sobre os desafios do desenvolvimento. Assim que terminou a apresentação de Sócrates, Mouta Liz levantou-se, exaltado, e acusou o primeiro--ministro de ter feito um discurso “de propaganda”. Liz berrou que “isso não passa de mentiras” e que “o primeiro-ministro não tem vergonha”.
Contrastando com a indiferença e calma com que Sócrates abandonou a sala, Mário Soares, que tinha discursado antes, no seminário que decorreu ontem na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, ainda tentou acalmar os ânimos, sugerindo que se o participante não ficasse em silêncio seria posto na rua, o que de pouco adiantou. O homem continuou dizendo que “a esquerda de que [Sócrates] fala não existe”. E foi ao ponto de dizer que já estava farto de ouvir “umas cem vezes a palavra ‘esquerda’”, numa clara referência ao discurso de Sócrates, que não se coibiu de usar o termo. Muitos dos presentes na sala voltaram-se contra o autor dos protestos, que ficou incomodado.
Na resposta, Mouta Liz gritou que a maioria dos presentes “vive à custa do Estado”.
À saída, José Sócrates desvalorizou o incidente. “O que posso eu fazer?” em relação a essas atitudes, perguntou. O chefe do Executivo adiantou que “não há razão nenhuma para fazer essas fitas de protesto, mas eu conheço bem essas fitas de protesto”.
http://www.correiodamanha.pt/noticia...Canal=90&p=200