O Vai Tudo Abaixo, para além de ser actualmente o melhor programa da televisão portuguesa, também nos veio ajudar a perceber de que lado é que está de facto a tolerância, a liberdade e a democracia. Desde o 25 de Abril que vivemos nesta lógica de que quem é de esquerda é democrata e pela liberdade e quem não é de esquerda é logo fascista, autoritário, antiquado, ditador, enfim tudo o que há de pior. Mas, na prática, e é isso que interessa, as coisas passam-se completamente ao contrário e as personagens criadas pelo brilhante Jel ajudam-nos a perceber isso mesmo. O Jel e o seu irmão meteram-se, na altura das eleições intercalares para Lisboa, com diversos partidos e candidatos que não são de esquerda e a recepção dos mesmos, apesar de tudo, nunca foi numa de censura, violência ou ameaça. Foi sempre de uma forma simpática, positiva e com algum humor. Até mesmo quando se meteram com o fadista monárquico, que a esquerda deve considerar como sendo alguém horrível, antiquado, fascista, etc.., Nuno da Câmara Pereira, este reagiu sempre de uma forma excepcional até chegando a cantar uma das músicas da Marcha do Cavalo.
Bom, mas agora na Festa do Avante, uma festa que pretende festejar os valores de Abril e da liberdade, os Homens da Luta são recebidos de uma forma vergonhosa e intolerável num país democrático. Com tudo isto, ficamos a perceber de que lado é que está de facto a liberdade, a democracia e a tolerância.
Acredito que até para o Jel tudo isto o deve ter surpreendido, já que sempre o achei um pouco virado para a esquerda.
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