Populares bloqueiam rua em Grândola
Protesto contra encerramento nocturno das urgências hospitalares
Uma centena de populares bloqueou este sábado à tarde o trânsito, durante 25 minutos, numa das principais artérias de Grândola, em protesto contra o encerramento nocturno das urgências locais, desde um incêndio ocorrido em Outubro
O bloqueio ocorreu após a assembleia promovida esta tarde pela Comissão de Utentes local, no salão dos Bombeiros Voluntários, em que foi decidido o protesto com a concordância de todos os presentes.
"Saiamos daqui e fechemos o acesso a Grândola durante cinco ou 10 minutos, já que os responsáveis não nos ouvem de outra forma", desafiou um dos elementos da Comissão.
A proposta foi aceite por todos, que se apressaram a formar cordões humanos nas estradas mais próximas, frente aos bombeiros, impedindo a passagem do tráfego automóvel numa das entradas na vila.
"Suponho que estejam aqui para que as urgências reabram à noite. Claro que não me importo de esperar um bocadinho para passar, eu quero é que o SAP não feche", disse à Lusa uma das automobilistas, Antónia Delmira, enquanto esperava pelo regresso do trânsito à normalidade.
O encontro, seguido de protesto, foi motivado pelo encerramento nocturno do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde local, que, desde um incêndio ocorrido em 24 de Outubro, funciona apenas das 09:00 às 21:00.
"Na altura, garantiram-nos que numa semana o SAP estaria a funcionar normalmente, e já lá vai um mês e meio e nada", lamentou Annick Paixão, porta-voz da Comissão, em declarações à Lusa.
Os utentes temem que o episódio acabe por desencadear o encerramento definitivo das urgências, bem como do serviço de internamento, a funcionar no mesmo local.
"Receamos que o incêndio tenha precipitado ainda mais o já previsto encerramento do SAP e do internamento", realçou Annick Paixão.
As chamas inutilizaram os aparelhos existentes na sala de urgências, Saúde, Graça Coito, que estimou que as necessárias obras de recuperação, obrigando à suspensão do serviço, se prolongassem durante "pelo menos uma semana".
O actual período de funcionamento da unidade de saúde é considerado "insuficiente" pela comissão de utentes local, que lembra que os hospitais mais próximos, situados em Santiago do Cacém e Setúbal, distam "30 e 40 quilómetros".
"É preciso atender às necessidades desta população, com muitos idosos e dificuldades de deslocação", lembrou Annick Paixão.
Para exigir que o SAP se mantenha em funcionamento 24 horas por dia, a Comissão decidiu ainda outras formas de protesto, entre as quais a afixação de bandeiras pretas nas portas e janelas de casa e nos carros dos populares.
"Queremos que amanhã Grândola esteja toda de luto", disse, no final do bloqueio a mesma fonte.
A Comissão vai ainda formar uma delegação com o objectivo de pedir uma reunião ao ministro da Saúde, Correia de Campos, entre outras iniciativas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Grândola, Carlos Beato, mostrou-se "preocupado"com a situação, embora "confiante" na promessa do Ministério da Saúde de que o SAP não seria encerrado.
"Se o SAP não reabrir, estarei na linha da frente no processo de luta, mas até lá tenho de acreditar que o Ministro vai cumprir o que assumiu", vincou.
http://sic.sapo.pt/online/noticias/p...m+Grandola.htm